FUKUSHIMA: 12 RAZÕES PARA NÃO CONFIAR NA TEPCO!
A operadora da Usina Nuclear de Fukushima cometeu uma série de erros não apenas na gestão da crise nuclear atual, mas desde a década de 1970 – e o mundo como conhecemos pode estar nas mãos dela.
Funcionários
da Tepco tentam conter vazamento causado por um erro humano, no qual um
dos tubos do sistema de dessanilização de Fukushima foi removido, no
dia 9 de outubro. No incidente, 6 funcionários foram contaminados por
água radioativa. A Tepco garante que o vazamento não chegou ao oceano e
que os trabalhadores foram examinados e descontaminados // Crédito:
Divulgação
O
Japão enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história, com a
manutenção da Usina de Fukushima, atingida em 2011 por um terremoto e,
subsequentemente, por um tsunami. O acidente danificou as estruturas do
local, causando derramamento de material radioativo no oceano e criando
um grande risco de acidentes nucleares de proporções ainda maiores – se
houver uma explosão no local, o impacto será equivalente à 85 vezes o de
Chernobyl.
A
empresa operadora das instalações, a Tokyo Eletric Power Company
(Tepco), se tornou então responsável por remediar a situação. No
entanto, como apontam especialistas e relatórios da própria empresa,
ela está falhando. E isso pode culminar em um acidente de proporções
mundiais no dia 20 de novembro, quando a empresa fará uma arriscada
operação para remover varetas de combustível que encontram-se em uma
estrutura comprometida, o Reator n.4.
Caso
duas das mais de 1300 varetas presentes no reator se toquem, uma reação
em cadeia poderá ser desencadeada, gerando uma explosão da usina
inteira. A radiação resultante não contaminaria apenas o Japão ou a
Ásia, mas o Hemisfério Norte todo, também chegando no Hemisfério Sul
(embora em níveis mais baixos). No entanto, não apenas fatos recentes
como a história da Tepco, pedem a desconfiança e a interferência de
órgãos internacionais nesse momento de crise. Aqui listamos alguns dos
episódios que mostram porque não devemos confiar na Tepco:
1. Reatores Mark 1
Desde
os anos 1970, há estudos que mostram que estes reatores não foram
feitos para suportar fenômenos naturais de grande potência, como
tsunamis e terremotos. Mesmo assim, a Tepco optou por esta maquinagem da
General Eletric na construção da Usina de Fukushima, área vulnerável a
este tipo de ocorrência.
2. Falsificações de 1979 a 1998
Para
passar nas inspeções, leitores de pressão interna de tubos que
conectavam o reator 1 às turbinas de Fukushima I foram alterados, para
passarem nas metas de inspeções. Comunicados emitidos pela empresa em
2007 afirmam que, depois desse período, o maquinário foi normalizado, já
que os reparos necessários nos tubos foram feitos e a falsificação não
era mais necessária.
3. Ar para esconder vazamentos
No
Reator 1 de Fukushima, durante 1991 e 1992, trabalhadores bombearam ar
na cobertura de segurança da instalação para reduzir a taxa de
vazamentos em inspeções, disfarçando falhas para evitar multas.
4. Engodo na Usina de Kashiwazaki-Kariwa
Em
Kashiwazaki-Kariwa, outra das usinas administradas pela Tepco, foi
feita uma falsificação de dados no reator n.1 (K-K-1) em 1992. Um dia
antes de um teste, foi identificada uma falha no motor elétrico, o que
fazia com que a bomba de remoção de calor residual (parte do sistema de
resfriamento de emergência da usina) não funcionasse. Ou seja, caso
ocorresse um acidente, o sistema de emergência que impediria explosões
não controladas, estaria comprometido. A equipe local da Tepco recebeu
ordens de fazer alguns ajustes na sala de controle central e
assim ’fazer parecer’ que o equipamento inteiro estava
funcionando. Desta forma, eles enganaram o inspetor que aprovou o
funcionamento do sistema.
4. Novamente em K-K
Entre
1995 até 1997, a concentração de iodo radioativo resultante das
operações em Kashiwazaki-Kariwa foi falsificada. Para fazer parecer que a
concentração era menor do que na realidade, técnicos faziam a medição
do lado reverso do filtro do exaustor.
5. Reator desligado em Fukushima por falha de manutenção
Em
2000, um reator em Fukushima foi desligado porque foi encontrada uma
vareta de combustível com um furo, o que poderia culminar em uma fissão
não-controlada, além de liberar radiação e possibilitar a contaminação.
Incidentes similares teriam acontecido em 1994 e 1997, com radiação
sendo liberada.
6. Rachaduras em canos e falta de inspeção
Em
2002, rachaduras em canos de água radioativa foram descobertos em
Fukushima. No mesmo ano, um engenheiro da General Eletric notificou as
autoridades de que inspeções em 13 das usinas da Tepco não estavam sendo
realizadas.
7. 17 reatores são desligados em 2003
Após
admitir 29 falsificações de dados como as citadas acima, a Tepco foi
forçada a desligar temporariamente 17 de seus reatores. Hiroshi Araki,
CEO da empresa na época, pediu a demissão, assim como quatro outros
membros da diretoria.
8. Vazamento de vapor radioativo
Em 2006, vapor radioativo vazou de um cano em Fukushima.
9. K-K fecha em 2007
Após um terremoto que matou oito pessoas na usina de K-K, a instalação
fechou. Análises mostraram que vanos estouraram causando incêndios e
água radioativa vazou de uma piscina de combustível usado. Foi
determinado que K-K não havia realizado 117 inspeções obrigatórias. Em
seguida, a empresa admitiu uma série de irregularidades, totalizando
aproximadamente 200 casos. Isso fez com que K-K ficasse fechada de 2007 a
2009.
10. Incêndio em K-K
Em março de 2009, outro incêndio aconteceu na usina, machucando gravemente um funcionário.
11. Falhas apontadas antes do terremoto/tsunami em 2011
No
dia 2 de março de 2011, pouco tempo antes do terremoto e do tsunami que
atingiram Fukushima, reguladores nucleares do Japão fizeram lobby para
acusações de negligência contra a Tepco. Eles alegaram que a empresa
havia deixado de inspecionar 33 peças do equipamento de
Fukushima-Daiichi, incluindo o sistema central de resfriamento nos seis
reatores, assim como reservatórios de combustível usado. Com as
acusações, a Tepco admitiu não apenas a falha em inspecionar
Fukushima-Daiichi como 19 falhas na inspeção de Fukushima-Dani, usina
vizinha.
12. Vazamentos desde o tsunami
Poça de água radioativa, decorrente de vazamento ocorrido no dia 3 de outubro // Crédito: Divulgação Tepco
Dados
apontam que, desde o tsunami, vazamentos ocorrem diariamente em
Fukushima, com água contaminada se espalhando pelo Oceano Pacífico.
Mesmo assim, dados da empresa e do governo japonês apontam que os níveis
de radiação da água podem ser considerados normais. Ainda no começo do
mês, a Tepco anunciou que 430 litros de água radioativa haviam escapado
de tanques enquanto funcionários da empresa tentavam tirar água da chuva
presa nas instalações.
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