quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O Caso Dyátlov

Caso Dyátlov – 54 anos:
‘Não vá lá’: a aventura final
O misterioso caso do desaparecimento e perecimento de um grupo de estudantes
universitários na Rússia, em janeiro de 1959, continua impressionando ainda nos dias de hoje.
 
Por Pepe Chaves*
BH-06/01/2013
 
O grupo de turistas segue para a sua aventura final na carroceria de um caminhão, no detalhe, o líder Ígor Dyátlov.
Em todo o planeta, a história humana registra casos de desaparecimento e perecimento de pessoas, sob circunstâncias inexplicáveis e de maneira traumática, criando um choque para aqueles que constatam a situação.
 
O desaparecimento inequívoco de pessoas como pilotos de avião, marinheiros, turistas, montanhistas, entre outros, já remonta um consistente leque de ocorrências dessa natureza por todo o mundo, pelo menos, ao longo das últimas décadas.
 
Voltando ao ‘Ano Geofísico Internacional’
 
Em todo o mundo, o ano de 1958 foi reconhecido pela UNESCO como o “Ano Geofísico Internacional”, sendo um divisor de águas para as criações e conquistas tecnológicas. Passados 13 anos do final da Segunda Guerra Mundial, a então comunidade humana parecia querer se abrir a si mesma, mas diferentes interesses políticos – entre outros - impediam que isso viesse a ocorrer.
 
Época da chamada “guerra fria”, uma silenciosa disputa de poder travada entre os Estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), então defensores dos modelos capitalista e socialista, respectivamente.
 
Felizmente, os confrontos da guerra fria ocorreram dentro dos campos das ciências e da tecnologia de ponta, desfechando numa busca natural por superação de ambas as partes. Em suma, tal disputa culminaria no envio do primeiro homem ao espaço, pelos russos, em 1961; e nas viagens lunares realizadas pelos norteamericanos de 1969 até 1972.
 
URSS, 1958
 
Na socialista URSS do distante ano de 1958, as pessoas pareciam animadas com as novas perspectivas e isso transparecia, sobretudo, nos grêmios estudantis das grandes cidades e da capital, Moscou. Naquela ocasião, o clima era de intercâmbio entre as pessoas de um país continental. Era comum que, com o apoio de comitês sindicais das instituições de ensino, ou por iniciativa própria, estudantes se agrupassem para realizar viagens e longas caminhadas, viajando, no verão, pelas diversas partes daquela imensa nação, e no inverno, percorrendo com esquis por regiões geladas e desérticas.
 
E neste cenário, no final de 1958, um grupo de jovens, cuja maioria era de estudantes universitários, planejou uma caminhada por regiões geladas e desérticas, dentro do mais alto grau de dificuldade, que deveria se iniciar em janeiro de 1959.
Monte Otortén
 
Eles programaram passar alguns dias esquiando e acampando em uma região inóspita no Ural do Norte, na Rússia, em cordilheiras nas proximidades do Monte Otortén.
 
O povo mansi, formado por nativos locais que possui parentesco com indígenas norteamericanos e vive por longos tempos nos territórios de Ural e Sibéria, já alertara aos potenciais visitantes sobre os perigos daquela imponente montanha. No idioma mansi, Otortén significa "Não vá lá". Também o nome nativo dado à montanha vizinha ao Ortotén que, como se verá, teve papel central em toda a tragédia, não é menos lúgubre: “Kholat Syakhyl” ou a “Montanha dos Mortos”.
 
Liderado por Ígor Dyátlov, experiente atleta e turista esportivo, o grupo inicial era formado por oito homens e duas mulheres. A maior parte deles era de estudantes ou recém formados pela Universidade Politécnica de Ural (UPI). Todos eles já eram experientes em aventuras do gênero, já tendo feito pernoites em situações adversas e passado por algumas dificuldades extremas em outros trajetos inóspitos.
 
Depois de muito planejar a viagem, o grupo decidiu que passaria pelo topo do Otortén e seguiria pelas altas nascentes de alguns rios da região. Repletos de bagagens, eles partiram de Sverdlovsk em 23 de janeiro de 1959. Com muitas mochilas e alguns equipamentos cedidos pela própria universidade, sempre em direção ao Monte Otortén, eles percorreram diversas localidades a bordo de trem e ônibus até o ponto em que partiriam nos esquis.
 
Imprevisto cruel
 
Ocorre que eles seguiram, mas jamais voltaram. Alguns dias depois da partida, o grupo desapareceu na grossa capa de neve do Ural do Norte, sob circunstâncias confusas e que, após 54 anos (completos em janeiro de 2013), ainda não foram devidamente esclarecidas.
 
Ainda continua pendente uma explicação sensata sobre as circunstâncias com que teria ocorrido a suposta fatalidade que culminaria no perecimento dos jovens, se tornando uma incógnita a todos que se inteiram dessa história.
 
Desde o início, o interesse no caso foi manifestado ao mais alto nível em Moscou, incluindo o próprio Kremlin, através do líder soviético, Nikita Khrushchev. Para o público em geral, as informações sobre o caso foram imediatamente classificadas como “segredos”, permanecendo como tais até o final da década de 1980 e se tornando públicas somente na era da Perestróika, de Gorbatchov.
 
No entanto, diversas versões surgiriam depois, tentando justificar o ocorrido, sem que nenhuma delas jamais se tornasse a definitiva ou realmente comprovasse o que se passou de fato com as vítimas. E, o que mais implica neste caso, são os insolúveis detalhes em torno da ocorrência - como veremos em matéria especial - levando qualquer um a se incomodar com o mistério não desvendado que envolve a questão.
A pesquisadora e escritora Natália Dyakonova aborda a misteriosa questão.
 
Caso Dyátlov em português
 
E para Via Fanzine, é uma honra publicar e hospedar a primeira versão completa em português do Caso Dyátlov, pela autoria da pesquisadora e escritora russa Natália Dyakonova, nossa consultora e correspondente em Moscou. Em artigo especial, intitulado “Não vá lá”, a autora nos dispõe explicações detalhadas sobre esse episódio aterrador. Ela acompanha a questão desde o surgimento de informações públicas sobre o Caso Dyátlov, durante a década de 1990.
 
Nesse trabalho exclusivo, Natália Dyakonova também se preocupou em disponibilizar fotografias autênticas envolvendo o desaparecimento e perecimento do grupo de estudantes liderado por Dyátlov. A maior parte dessas imagens foi extraída do dossiê oficial da investigação, sendo algumas delas de forte impacto.
 
A matéria especial, com tradução do russo ao português por Oleg Dyakonov é dividida em três partes e remonta toda a trajetória do grupo estudantil desde o início da viagem, até o seu misterioso desaparecimento e, posteriormente, os resultados das reiteradas buscas por pistas na região.
 
A parte 1/3 da matéria especial “Não vá lá”, de Natália Dyakonova estará disponível em Via Fanzine a partir da quarta-feira, 09/01/2013. A publicação da parte 2 está prevista para o início do mês de fevereiro e da parte 3 (final) para o início de março.
Expressamos os nossos sinceros agradecimentos à autora Natália Dyakonova e ao tradutor Oleg Dyakonov, por seus esforços para disponibilizar mais este material de alta qualidade ao idioma português.
 
* Pepe Chaves é editor do diário digital Via Fanzine e da Rede VF de portais.
- Fotos: Dossiê da investigação/Reprodução e Arquivo particular de Natália Dyakonova.
http://www.viafanzine.jor.br

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