Crime organizado dentro do Vaticano derrubou Ratzinger
Posted by Thoth3126 on April 4, 2013
Não saqueei o Banco do Vaticano e nem convenci Bento XVI a desistir do pontificado
Millôr
Fernandes, o saudoso e genial, certa vez escreveu que “democracia é
quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim”. Tão
brilhante quanto Millôr, o jornalista Carlos Brickmann, durante um dos
muitos ataques sórdidos que sofri, saiu em minha defesa e escreveu-me
que “ninguém chuta cachorro”. E se me chutam é porque incomodo, disse o
jornalista.
Por Ucho Haddad
Acontece que no Brasil há pessoas
ignaras que desfilam na passarela da vida ora com a fantasia de gênio,
ora com a fantasia de tirano. Às vezes a imbecilidade faz com que o desavisado vista uma fantasia sobre a outra.
E nessas condições não há quem segure um ser que é tomado pela idiotia e
aposta que o próprio nome consta da árvore genealógica de Aladim. Nesse
palco da sandice é que uma pessoa, que acredita ser virtuosa e estar
acima de todos, faz com que o seu conceito oblíquo de democracia se
transforme em uma nesga da ditadura obtusa.
Para
não alimentar o ego de algumas mentes doentias e sequer patrocinar fama
a quem não merece, omito o nome desses apedeutas oportunistas, que usam
a própria ignorância como arma de intimidação, não sem antes acreditar
que são donos da verdade suprema. Decidi escrever esse artigo em
respeito aos leitores e seguidores, que não podem ter a honra
achincalhada apenas porque exercem o direito de escolher aquilo que
desejam ler. Quanto a mim, já estou acostumado com esses ataques
repentinos e constantes dos contrariados.
Sobre
a decisão de Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI, de deixar o comando do
Vaticano, assinei matéria que relata fatos comprovados por autoridades,
alguns deles por mim testemunhados in loco. Bento XVI sofre de doenças
típicas de uma pessoa com 85 anos, mas não foi a anunciada artrose que o
levou à decisão de interromper o próprio pontificado. Ratzinger
não conseguiu conviver com o crime organizado que grassa nas coxias do
Vaticano. Quem não aceita tal realidade ignora a verdade, o óbvio, o que
foi provado e comprovado por investigações de todos os naipes.
João XXIII
Ter
escrito sobre o tema causou uma revolução na banda católica que
frequenta a rede mundial de computadores, os ortodoxos se rebelaram, sem
contar os que pegaram carona no tema sem saber uma vírgula sequer sobre
o assunto. É aquela velha história dos oportunistas que nada são, mas
aproveitam um momento para ganhar os quinze minutos de fama a que se
referiu, um dia, o artista plástico Andy Warhol. E até os desprovidos de
inteligência e conhecimento têm direito a esses escassos minutos de
fama, algo que será regurgitado aos bolhões nas conversas dos botecos de
esquina, para que a claque canalha aplauda um herói de mentira, um
sabereta de araque.
Gostem
ou não os incomodados, não há como fugir da verdade dos fatos, da
história. A patifaria circula pelos corredores do Vaticano desde o fim
da era de João XXIII, o que não significa que antes a sacanagem por lá
deixou de reinar em algum momento. Entre ser católico e acreditar no que
fazem e dizem os inquilinos do Vaticano existe uma abissal distância. E
é exatamente essa distância que torna muitas pessoas cegas diante da
realidade.
O
Estado paralelo e criminoso que existe na Praça São Pedro ganhou força
quando Licio Gelli, que foi próximo de Benito Mussolini, se juntou ao
então arcebispo Paul Marcinkus e a Roberto Calvi, que presidia o Banco
Ambrosiano e ficou conhecido como o “banqueiro de Deus”, no rastro de um
dos maiores escândalos político-financeiros da história da Itália. Com a
morte de Giovanni Montini, o papa Paulo VI, chegou ao cargo máximo da
Igreja Católica o ex-patriarca de Veneza, Albino Luciani, o papa João
Paulo I. Homem correto, probo e humilde, Luciani durou pouquíssimo tempo
no cargo.
Nos
trinta e três dias de seu pontificado, João Paulo I tentou acabar com o
crime organizado que dominava o Vaticano desde muito. A Santa Sé
anunciou que Albino Luciani morreu em decorrência de um infarto, mas na
verdade ele foi envenenado. Um assessor próximo, integrante da quadrilha
que agia desde os tempos de Paulo VI, colocou cianureto no chá de
Luciani. Enquanto aguardava-se a escolha de um novo pontífice, Gelli,
Marcinkus e Calvi agiam livremente e contavam com a mente criminosa de
Michele Sindona, o “Tubarão”, destacado integrante da loja maçônica
Propaganda Due ou P2, um dos vértices do escândalo, banqueiro e membro
da Cosa Notra, a máfia siciliana.
Escolhido
como novo papa, o polonês Karol Wojtyla, ou João Paulo II, também
tentou fazer uma faxina nas entranhas do Vaticano, pois fora avisado
sobre o funcionamento do esquema criminoso que imperava na Santa Sé.
Wojtyla havia mal começado a adotar medidas moralizadoras quando sofreu
um atentado em plena Praça São Pedro, episódio que teve como atirador,
não por acaso, o turco Mehmet Ali Agca.
O
criminoso, que foi preso imediatamente pelos seguranças do Vaticano e
depois foi perdoado por Wojtyla ainda no cárcere, era membro do grupo
Lobos Cinzentos e estava a serviço da máfia turca, que por sua vez
contava com o apoio operacional e estratégico do soviético Leonid
Brejnev. A máfia turca era a outra ponta do esquema que usava o Banco
Ambrosiano como central de branqueamento de capitais.
Os
Lobos Cinzentos participaram da Operação Gladio (a qual detalho mais
adiante), mas tinham em seus quadros agentes soviéticos que se
infiltraram a mando de Brejnev, que queria detalhes sobre a atuação do
grupo clandestino de informações secretas.
Na
ocasião em que o escândalo veio à tona, descobriu-se que o rombo no
Banco do Vaticano, acionista do Ambrosiano, era de quase US$ 2 bilhões.
Nos bastidores, a ação criminosa – que levou o Ambrosiano à quebra e
provocou um rombo no Banco do Vaticano – foi comandada por Roberto
Calvi, Paul Marcinkus, Licio Gelli e Michele Sindona.
Por
conta desse enredo criminoso, que levou um internauta debochado e
abusado a afirmar que a minha matéria mais parecia um roteiro de Dan
Brown, autor do best-seller “O Código da Vinci”, desço aos detalhes do
esquema que levou Bento XVI a optar pela renúncia. Não criei qualquer
história e muito menos estória, mas relatei fatos que acompanhei de
perto, além de muitos outros que acompanhei e estudei ao longo de mais
de vinte anos. Quando integrantes da Igreja Católica entram em contato
para, sob a promessa do sigilo, reconhecer que estou certo, fica claro
que não sou roteirista de filme de suspense e nem recebo para ovacionar
descompensados mentais.
Quem era quem na trama: Paul Marcinkus
Nascido
nos Estados Unidos, Paul Marcinkus, o Gorila (que já havia presidido o
Banco Ambrosiano), chegou ao posto de terceiro homem mais importante do
Vaticano e, durante dezoito anos (1971 a 1989), presidiu o Banco do
Vaticano, que era sócio-controlador do Ambrosiano. Por seu porte físico
avantajado e jeito truculento, Marcinkus passou a atuar como
guarda-costas do papa Paulo VI e foi acusado de participar da trama que
levou João Paulo I à morte.
O
escândalo do Ambrosiano foi tamanho, que o Vaticano funcionou como
refúgio para um marginal que falava em nome de Cristo não fosse preso e
condenado. Para proteger Marcinkus, a Santa Sé colocou sua rede
criminosa para atuar nos bastidores da Justiça italiana, a quem coube
investigar o caso. Para justificar a não punição a Marcinkus e aos
outros administradores do Banco Ambrosiano, a Justiça italiana invocou o
Tratado de Latrão, que transformou o Vaticano em Estado e prevê, em um
dos seus artigos, que “os entes centrais da Igreja Católica estão
isentos de qualquer ingerência por parte do Estado italiano”. Marcinkus
viveu no Vaticano à sombra do Tratado de Latrão até voltar para os
Estados Unidos, onde morreu em 2006.
Licio Gelli
Licio
Gelli, chefão da loja maçônica P2, onde é mestre venerável, e criminoso
conhecido que agia nos escaninhos do poder, foi informante da Gestapo
durante a 2ª Guerra Mundial. Gelli participou da Operação Gladio, uma
organização clandestina que funcionava como central de informações
secretas, cujo objetivo era evitar a invasão da Itália pela União
Soviética. Em muitos momentos, a Gladio, que teve sua existência
reconhecida oficialmente pelo ex-primeiro-ministro italiano Giulio
Andreotti, usava de estratégias baixas para desestabilizar o sistema
político do país. O que explica o apoio logístico dado à máfia turca por
Leonid Brejnev, que tinha na Itália dúzias de espiões infiltrados.
Licio
Gelli foi acusado de participação nas mortes do ex-primeiro-ministro
italiano Aldo Moro, do jornalista Carmine “Mino” Pecorelli, de Roberto
Calvi e de João Paulo I. Prestes a completar 94 anos, Gelli cumpre
prisão domiciliar na propriedade que tem na Toscana.
O
jornalista Pecorelli, que era um desafeto de Licio Gelli, foi
assassinado porque em um livro deu detalhes do planejamento do
assassinato de Aldo Moro, ex-primeiro-ministro da Itália. Moro, que era
ligado à Igreja Católica, foi sequestrado e morto pelas “Brigate Rosse”
(Brigadas Vermelhas), organização terrorista italiana com que Gelli
mantinha estreitas relações por causa da Operação Gladio, que foi o pano
de fundo para as atrocidades cometidas por Cesare Battisti, o criminoso
que contou com a ajuda de Lula para continuar impune no Brasil.
O
grupo “Brigadas Vermelhas”, que participou da Gladio, foi responsável
pela explosão de um trem em Bologna, em 1980, que ao deixar a estação da
cidade foi alvo de bomba dentro de um túnel, matando dezenas de pessoas
e deixando duzentos passageiros feridos.
Em
2002, a Justiça italiana condenou Giulio Andreotti e o mafioso Gaetano
Badalamenti a 24 anos de prisão pela morte do jornalista Mino Pecorelli.
Um dos chefões da Cosa Nostra, a máfia siciliana, Badalamenti foi
também condenado à prisão nos Estados Unidos por ser um dos líderes da
organização mafiosa que ficou conhecida como “Pizza Connection”, uma
rede pizzarias que funcionava como lavanderia do dinheiro dos mafiosos
que atuavam em território norte-americano.
Roberto Calvi
Nascido
em Milão, Roberto Calvi presidiu o Banco Ambrosiano e ficou conhecido, à
época do escândalo, como “Banqueiro de Deus”. Envolvido diretamente na
trama que levou o Ambrosiano à falência e provocou um rombo bilionário
no Banco do Vaticano, com direito a desvios de dinheiro para uso pessoal
de muitos dos integrantes do esquema e pagamentos indevidos à loja
maçônica P2, Calvi fugiu da Itália e acabou sendo assassinado em
Londres.
Em
junho de 1982, o corpo de Calvi foi encontrado em um terreno debaixo de
uma ponte da capital inglesa, pendurado em uma corda, dando a entender
que o ex-presidente do Banco Ambrosiano cometera suicídio. Na ocasião,
afirmei que Calvi fora assassinado, mas apenas em 2002 essa tese foi
confirmada por uma equipe de médicos-legistas, após a exumação dos
restos mortais do integrante da quadrilha que operava sob as bênçãos do
Vaticano.
Durante
o período em que presidiu o Banco Ambrosiano, Roberto Calvi tinha como
principal assessor e braço direito um ex-agente do serviço secreto
italiano, Francesco Pazienza. Acusado de envolvimento no atentado
terrorista de Bologna, na morte de Calvi e no escândalo que levou à
quebra do Ambrosiano, Francesco Pazienza fugiu da Itália e prestou
serviços a agências de inteligência de vários países latino-americanos e
serviu a Manoel Noriega, traficante de drogas panamenho de quem era
amigo.
Pazienza
foi preso nos Estados Unidos e extraditado para a Itália, onde cumpriu
pena e foi colocado em liberdade condicional em 2009. Por ser um arquivo
ambulante, pois muitas informações sobre a quebra do Ambrosiano ainda
são ignoradas, Pazienza não deve durar muito tempo.
Michele Sindona
Michele
Sindona, banqueiro inescrupuloso que era conhecido como “Tubarão” e que
dirigia uma instituição financeira na Suíça e levou à bancarrota a
Banca Privata Italiana, atuou durante décadas como o braço financeiro da
Cosa Nostra, a máfia siciliana. Sindona também foi acusado de pagar
propina de US$ 5,5 milhões a Marcinkus e Calvi.
Em
1986, Michele Sindona foi condenado à prisão perpétua pela morte do
advogado Giorgio Ambrosoli, ocorrida em 1979. Ambrosoli foi indicado
pela Justiça italiana como síndico da massa falida da Banca Privata
Italiana, quando descobriu a atuação criminosa de Sindona na instituição
financeira. Antes disso, Michele Sindona foi nomeado pelo papa Paulo VI
como assessor financeiro do Vaticano e membro do conselho de
administração do Banco do Vaticano.
Diante
dos fatos, o Vaticano, sem ter como explicar a nomeação do criminoso,
informou por meio de nota que fora enganado por Sindoma. Cumprindo pena
em prisão de segurança máxima na Lombardia, Michele Sindona prometeu
revelar detalhes dos escândalos, mas morreu em sua cela, em março de
1986, enquanto tomava café. Durante a perícia, a polícia descobriu que a
bebida continha cianureto, a mesma tática usada para assassinar João
Paulo I.
O caso Emanuela Orlandi
Filha
de um funcionário do Vaticano, Emanuela Orlandi não foi protagonista do
escândalo, mas vítima da organização criminosa que era liderada por
Paul Marcinkus. Emanuela desapareceu em 1983, quando tinha 15 anos, e
jamais foi encontrada.
O
que era para ser um caso corriqueiro de desaparecimento transformou-se,
em pouco tempo, no capítulo mais sinistro do escândalo que teve na proa
o Banco Ambrosiano e envolveu o Vaticano, o Banco do Vaticano e uma
organização criminosa conhecida como “Banda della Magliana”, que atuava
na capital italiana.
A
“Banda della Magliana” era comandada por Enrico de Pedis, um
delinquente que, junto com seus parceiros de crimes, atuava no tráfico
de drogas, turfe e lavagem de dinheiro. Ao lado da Gladio, a “Banda
della Magliana” participou de ataques terroristas realizados, durante a
Guerra Fria, com o objetivo de desestabilizar a política italiana
durante o período que foi chamado de “Anos de Chumbo”.
A
“Banda” foi acusada de participar dos assassinatos do jornalista
Carmine Pecorelli, do ex-primeiro-ministro Aldo Moro e do então
presidente do Banco Ambrosiano, Roberto Calvi, além de envolvimento no
atentado na estação de ferroviária de Bolonha. A “Banda della Magliana”
era uma espécie de apêndice criminoso das Brigada Vermelhas.
O
desaparecimento de Manuela Orlandi foi relacionado com a tentativa
fracassada de assassinar Karol Wojtyla, o papa João Paulo II, na Praça
São Pedro. Em junho de 2008, Sabrina Minardi, ex-namorada de De Pedis,
afirmou em depoimento que Emanuela foi sequestrada e morta pela “Banda
della Magliana”, tendo seu corpo arremessado em triturador de cimento. O
crime, segundo Sabrina, foi ordenado pelo arcebispo Paul Marcinkus.
Enrico
de Pedis se aproximou de Marcinkus por intermédio de Roberto Calvi,
então presidente do Ambrosiano, que acolhia e lavava o dinheiro sujo da
“Banda dela Magliana”. De acordo com o depoimento de Sabrina Minardi, a
ordem de Marcinkus tinha o objetivo de calar o pai de Emanuela Orlandi,
um funcionário do Vaticano, que sabia demais sobre os bastidores imundos
da Santa Sé.
De
Pedis morreu em fevereiro de 1990, assassinado por seus antigos
comparsas. A sua proximidade com a cúpula criminosa do Vaticano
garantiu-lhe o sepultamento ao lado de papas e cardeais na Basílica de
São Apolinário.
Após
denúncia, o Ministério Público de Roma decidiu abrir o túmulo para
investigação e confirmou que De Pedis de fato tinha sido sepultado em
uma basílica pertencente ao Vaticano. Os procuradores prosseguem na
investigação para apurar os motivos que levaram a tão estranho
sepultamento.
Há
informações desconexas no caso, mas a ex-namorada de Enrico de Pedis
não tinha razão para mentir, em depoimento, depois de quase vinte anos
da morte do líder da “Banda della Magliana”.
As denúncias de Viganò
Joseph
Ratzinger não é um homem inocente e desprovido de inteligência. Se
assim fosse, jamais teria chegado a Sumo Pontífice da Igreja Católica.
Contra Ratzinger pesa o fato de ter integrado a Hitlerjugend (Juventude
Hitlerista), divisão da SS criada por ordem de Adolf Hitler e composta
por jovens alemães. Em outras palavras, ao então jovem Joseph Ratzinger
não restou opção, que não a de cumprir a determinação de um facínora que
acreditava na supremacia da raça ariana e na possibilidade de dominar o
mundo. E esse detalhe tem sido usado por alguns que querem dar
conotação distinta à decisão de Bento XVI encerrar seu período à frente
do Vaticano.
Sabendo
do que acontecia no Vaticano antes de sua escolha como papa, Joseph
Ratzinger foi alertado pelo arcebispo Carlo Maria Viganò sobre o esquema
criminoso que ainda domina a sede do Catolicismo.
Na
carta que enviou ao papa, cujo conteúdo acabou vazando para a imprensa,
Viganò, que foi secretário-geral do governorado do Vaticano, afirmou
que lá “trabalham as mesmas empresas, ao dobro (do custo) de outras de
fora, devido ao fato de não existir transparência alguma na gestão dos
contratos de construção e de engenharia”. Para que o caso não se
transformasse em mais um escândalo na seara da Igreja Católica, o
Vaticano informou que as afirmações de Carlo Maria Viganò resultavam de
“avaliações incorretas”.
Viganó
seguiu em suas denúncias e na carta endereçada a Ratzinger destacou:
“Jamais teria pensado em me encontrar diante de uma situação tão
desastrosa”, que apesar de ser “inimaginável, era conhecida por toda a
Cúria”. Além disso, o denunciante afirmou que banqueiros que integram o
chamado Comitê de Finanças e Gestão se preocupam muito mais com os
próprios interesses do que com os do Vaticano, lembrando que em dezembro
de 2009 “queimaram US$ 2,5 milhões” em uma operação financeira. Ou
seja, o desvio de dinheiro para despesas pessoais dos que integravam o
concílio criminoso e que levou o Banco Ambrosiano à quebra continua em
pauta na Praça São Pedro.
O escândalo Vatileaks
Mordomo
do papa Bento XVI desde 2006, Paolo Gabriele foi preso sob a acusação
de ter roubado documentos secretos da cúpula do Vaticano, encontrados
pela polícia em seu apartamento.
O
escândalo Vatileaks, uma alusão ao Wikileaks, veio à baila em janeiro
de 2012, quando o jornalista italiano Gianluigi Nuzzi publicou o
conteúdo da carta do arcebispo Carlo Maria Viganó ao papa.No documento,
Viganó pedia ao Sumo Pontífice para não ser transferido apenas por conta
de suas denúncias. Contudo, a decisão de Ratzinger de mandar um dos
ex-administradores do Vaticano para os Estados Unidos pode ter salvado a
vida de Carlo Maria Viganó.
Ainda
no primeiro semestre de 2012, o escândalo ganhou reforço com o
vazamento de documentos que tratam de uma ferrenha luta pelo poder no
Vaticano e relatam os esforços de Bento XVI para mostrar maior
transparência financeira e cumprir à risca as normas internacionais de
combate à lavagem de dinheiro. Nesse período, uma carta anônima, que
ganhou o noticiário, fazia um alerta sobre ameça de morte contra o papa.
O
imbróglio ganhou novos e explosivos contornos com o lançamento, em maio
de 2012, do livro “Sua Santidade, as Cartas Secretas de Bento XVI”, do
jornalista Gianluigi Nuzzi, que em sua obra tratou das correspondências
confidenciais trocadas entre Bento XVI e seu secretário pessoal.
Polêmico, porém verdadeiro, o livro mostra a face oculta do Vaticano,
onde intrigas, armações e disputas intermináveis pelo poder acontecem
diuturnamente. O livro de Nuzzi também revela detalhes sobre as finanças
pessoais de Ratzinger, casos de pagamento de suborno para conseguir
agendar uma audiência com o papa, além de relatórios secretos sobre
políticos italianos, como o presidente Giorgio Napolitano e Silvio
Berlusconi.
Gianluigi
Nuzzi garante não ter desembolsado um euro sequer pela papelada, o que
confirma que importantes e secretos documentos do Vaticano foram vazados
propositalmente na tentativa de intimidar os criminosos que agem na
Santa Sé. Escolhido para ser o operador desse vazamento de documentos, o
mordomo Paolo Gabriele foi preso, mas por saber demais acabou solto e
no final de 2012 recebeu um indulto do papa, o que mostra que a operação
foi previamente combinada, mas não surtiu o efeito desejado e levou
Ratzinger a anunciar o fim do seu pontificado.
Minhas considerações finais
Ser
informado no Brasil é crime para aqueles que nada sabem e se julgam a
personificação da sabedoria. Revelar a verdade dos fatos, narrar a
história em sua sequência real e fiel, também é crime na visão de um
bando de revoltados que não se conformam com a própria ignorância e usam
rapapés e declarações chicaneiras para atacar quem não conhecem.
Faço
jornalismo da maneira como deve ser feito, sem sensacionalismo barato.
Se o Criador, aquele que não frequenta a Santa Sé, resolveu me colocar
no lugar certo e na hora certa em determinados momentos, não tenho
culpa. Não sou um inerte diante da história e muito menos um conformado
que não reage às mentiras que a grande imprensa divulga sem parar.
A
história mostra que o Vaticano se cerca, não é de hoje, de bandidos
profissionais e sou acusado de inventar fatos e chutar outros. Nada
tenho contra a ignorância consentida de alguns, mas que esses se
contentem com a própria insignificância, pois do contrário a melhor
receita está no divã do analista mais próximo.
Há
mais de trinta anos me dedico a acompanhar e estudar os escândalos que
emolduram o Vaticano e não será um grupelho facinoroso, que age como se
fosse uma filial de Treblinka, que roubará minha consciência e muito
menos a competência, reconhecida por muitos e que a cada dia busco
melhorá-la, pois não me contento com o pouco saber e nem saio batendo no
peito para gazetear que sou gênio, como fazem alguns dos meus críticos.
Discordar
é um dos pilares da democracia, cujo segredo é a convivência pacífica
das opiniões divergentes. Atacar gratuitamente por discordância ou
oportunismo burro e barato é sinal inconteste de incompetência e
ignorância. Esses merecem conviver com os falsos santos que circulam nos
subterrâneos do Vaticano, porque afinal são iguais.
Joseph
Ratzinger tomou a decisão mais acertada, pois entre viver em paz e ser
conivente com criminosos que posam de oráculos do Senhor sem ter
gabarito para tal, a primeira opção é a mais lógica. Por outro lado,
continuo acreditando que aquele que incomoda uma minoria burra é porque
está no caminho certo.
(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, comentarista e analista político, cronista esportivo, escritor, poeta e palestrante.
Permitida a reprodução desde que mantido na formatação original e mencione as fontes.
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