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A
primavera deste ano foi muito curta e complicou a vida dos habitantes
da cidade devido à invasão de mosquitos e ácaros. Porém, as novidades
boas chegaram com o advento do verão. Por exemplo, no curso alto do rio
Yauza, em Moscou, surgiram lagostins e gabeões, o que significa que o
rio se tornou mais limpo. Os pescadores locais apontam ainda para um
peixe de água doce, a brema, que se transformou e se tornou parecida aos
seus congêneres do sul que habitam nas águas do Don e nos rios da
região de Kuban. Surgiu ainda o peixe ciprínida, de tamanho
surpreendente, como se tivesse sido tirado dos livros do ilustre
cientista Leonid Sabaneev. Nos lagos começaram a surgir rãs e pererecas,
cujo tamanho duplicou. Nas margens vão deambulando patos-ferrugíneos.
Estas
são alguns dos sinais mais recentes de mudanças inesperadas. Como se
sabe, os animais costumam reagir rapidamente a quaisquer mudanças de
clima, refere a propósito, Vladimir Krever, coordenador do programa de
preservação da biodiversidade junto do WWF, Fundo Mundial para a
Natureza:
"Está mudando tanto o número de muitas espécies, como o seu habitat.
A tendência está à vista: as espécies do norte se deslocam mais para o
norte, enquanto as do sul procuram seguir o mesmo trajeto. Não podemos
garantir que daqui a 5 anos na região de Moscou não vão crescer bananas e
abacaxis. No entanto, a deslocação de ursos pardos e brancos ocorrerá
num futuro próximo."
As
alterações climáticas devem ser levadas em conta em cada caso concreto.
Também se deve estudar as relações causa-efeito e tentar não fazer
conclusões precipitadas, considera o moderador do programa “Clima e
Energia”, Alexei Kokorin.
"A
título de exemplo, posso citar o aparecimento de tubarões na região de
Vladivostok que feriram ou até mataram algumas pessoas. Tal caso merece
um exame especial. Ao que se apurou, foi a ação de vários fatores,
incluindo a influência das águas mais tépidas e de “alimentação
adicional”. Na água tinham sido lançados pedaços de carne, o que atraiu
os tubarões. Mas tal situação tem sido típica. As rãs e mosquitos também
são influenciados pelo desequilíbrio do clima."
Os cientistas da Universidade britânica de York examinaram as alterações do habitat
de 2.000 espécies biológicas, desde as algas até aos mamíferos,
ocorridas nos últimos 40 anos. E chegaram a uma conclusão definitiva: os
animais e as plantas se vão deslocando da linha equatorial em direção
aos polos da Terra. Com isso, a distância média percorrida se estima em
17 km em cada década. Este é um ritmo de deslocação três vezes maior do
que estava previsto. Por isso, em perspetiva de médio prazo, os
moscovitas poderão vir a ser testemunhas da “intrusão” de insetos,
animais e plantas procedentes das zonas meridionais. Resta saber se o
fenômeno em causa será positivo ou negativo. Bem ou mal, esse é um tema
para uma conversa à parte. De qualquer forma, sobram evidentes motivos
para novas surpresas.
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