2014 vai abalar o mundo Esqueça, portanto, 2012. É o que diz o professor de Cambridge Nicholas Boyle, ao defender que esse ano definirá nosso futuro
Crédito: divulgação
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Ainda não dá pra prever qual vai ser a cara do século 21 daqui
em diante, com todas essas crises e profecias que se multiplicam mundo
afora. Mas o intelectual inglês Nicholas Boyle diz para ficarmos de olho
no ano de 2014. A partir de projeções e de análises históricas, esse
professor de história, filosofia e literatura alemã na Universidade de
Cambridge, na Inglaterra, diz que a última crise econômica, em 2008, foi
só o começo do que virá. Ele prevê uma grande crise política para daqui
a quatro anos. Em entrevista à Galileu, o autor do livro recém-lançado
2014 — How to Survive the Next World Crisis (2014 — Como Sobreviver à
Próxima Crise Mundial, sem edição em português) alerta que decisões
governamentais poderão definir o caráter do nosso século: entraremos
numa nova era de paz ou mergulharemos em mais guerras? Ele aponta alguns
caminhos.
* Por que você prevê uma grande crise para o ano de 2014?
Nicholas Boyle: Desde 1500 podemos ver um grande evento acontecendo na segunda década de cada século que define o caráter dos próximos cem anos. Meus grandes exemplos são os anos de 1815 e 1914. Em 1815 as grandes potências mundiais chegaram a um acordo no Congresso de Viena, iniciando uma grande era de paz. Já em 1914 começou a Primeira Guerra Mundial, que definiu todo o século 20. A outra razão é a última crise econômica mundial.
* Então você acha que 2007 foi só um começo?
Boyle: A crise econômica está se tornando uma crise política. Veja a zona do Euro, por exemplo. A crise financeira levou a profundos desentendimentos entre Estados e partidos europeus e sobre como esse mercado deve ser governado.
* E por que você aponta precisamente o ano de 2014?
Boyle: Nosso mundo está mudando e ainda não está claro que tipo de século 21 vai emergir. A última crise pode significar o fim de um período de globalização sustentada. Não acho necessariamente que vamos cair numa terceira guerra mundial, mas há um paralelo entre 2014 e 1914. Em 1914, as organizações internacionais não conseguiram manter a paz entre os impérios que se desenvolviam no globo. Algo parecido pode estar acontecendo agora, com novos impérios que surgem.
* Você acha que devemos temer o crescimento da China?
Boyle: O crescimento da China e da Índia só restaura a importância econômica que elas tinham 200 ou 300 anos atrás. Esse desenvolvimento reduz o número de pessoas vivendo em pobreza no mundo. Mas ele também cria um grande problema para o sistema político. Ao mesmo tempo em que os Estados Unidos se tornam um poder econômico cada vez menos significante no globo, eles se mantêm como o poder militar supremo.
* O destino ainda estará nas mãos dos americanos?
Boyle: Podemos ver um novo acordo de regulação global ou o aumento da agressividade entre as potências. São dois cenários possíveis e caberá aos americanos decidir qual deles vai acontecer.
* Podemos desembocar numa guerra entre Ocidente e Oriente?
Boyle: Existem vozes nos Estados Unidos que pedem o confronto. Em relação à China, alguns falam em desestabilizar seu governo. Um substituto provavelmente seria mais nacionalista. Com China e Estados Unidos mais nacionalistas, o mundo vai se tornar um lugar, no mínimo, mais desconfortável. No entanto, um mundo mais instável pode levar os países a procurarem trabalhar juntos. Não estou falando de estabelecer novas organizações, mas fazer as que já existem funcionarem melhor.
* E qual o papel do Brasil nessas mudanças globais?
Boyle: O Brasil tem tudo para estar entre os mais influentes. E, no que diz respeito ao aquecimento global, não haverá mudanças sem uma efetiva participação do País
* Por que você prevê uma grande crise para o ano de 2014?
Nicholas Boyle: Desde 1500 podemos ver um grande evento acontecendo na segunda década de cada século que define o caráter dos próximos cem anos. Meus grandes exemplos são os anos de 1815 e 1914. Em 1815 as grandes potências mundiais chegaram a um acordo no Congresso de Viena, iniciando uma grande era de paz. Já em 1914 começou a Primeira Guerra Mundial, que definiu todo o século 20. A outra razão é a última crise econômica mundial.
* Então você acha que 2007 foi só um começo?
Boyle: A crise econômica está se tornando uma crise política. Veja a zona do Euro, por exemplo. A crise financeira levou a profundos desentendimentos entre Estados e partidos europeus e sobre como esse mercado deve ser governado.
* E por que você aponta precisamente o ano de 2014?
Boyle: Nosso mundo está mudando e ainda não está claro que tipo de século 21 vai emergir. A última crise pode significar o fim de um período de globalização sustentada. Não acho necessariamente que vamos cair numa terceira guerra mundial, mas há um paralelo entre 2014 e 1914. Em 1914, as organizações internacionais não conseguiram manter a paz entre os impérios que se desenvolviam no globo. Algo parecido pode estar acontecendo agora, com novos impérios que surgem.
* Você acha que devemos temer o crescimento da China?
Boyle: O crescimento da China e da Índia só restaura a importância econômica que elas tinham 200 ou 300 anos atrás. Esse desenvolvimento reduz o número de pessoas vivendo em pobreza no mundo. Mas ele também cria um grande problema para o sistema político. Ao mesmo tempo em que os Estados Unidos se tornam um poder econômico cada vez menos significante no globo, eles se mantêm como o poder militar supremo.
* O destino ainda estará nas mãos dos americanos?
Boyle: Podemos ver um novo acordo de regulação global ou o aumento da agressividade entre as potências. São dois cenários possíveis e caberá aos americanos decidir qual deles vai acontecer.
* Podemos desembocar numa guerra entre Ocidente e Oriente?
Boyle: Existem vozes nos Estados Unidos que pedem o confronto. Em relação à China, alguns falam em desestabilizar seu governo. Um substituto provavelmente seria mais nacionalista. Com China e Estados Unidos mais nacionalistas, o mundo vai se tornar um lugar, no mínimo, mais desconfortável. No entanto, um mundo mais instável pode levar os países a procurarem trabalhar juntos. Não estou falando de estabelecer novas organizações, mas fazer as que já existem funcionarem melhor.
* E qual o papel do Brasil nessas mudanças globais?
Boyle: O Brasil tem tudo para estar entre os mais influentes. E, no que diz respeito ao aquecimento global, não haverá mudanças sem uma efetiva participação do País
http://revistagalileu.globo.com
Excelente reportagem, adorei o paralelo que ele fez entre 1914 e 2014, quem sabe tem algo realmente a ver.
ResponderExcluirDaniel, pode encerrar o ano de 2013 com esta reportagem, está perfeito.
Feliz ano novo a todos.
Faltou mais uma descoberta do demônio de 9 dedos http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/brasil-no-mundo/2013/12/29/romeu-tuma-junior-e-a-banalidade-das-reputacoes/
ResponderExcluirEsse paralelo entre 1914 e 2014 é bem interessante, vamos ver se vai dar em alguma coisa.
ResponderExcluirPode ser que sim e pode ser que não. O paralelo existe. 1914 e 2014, as conjecturas internacionais são bem semelhantes agora do que fora em 1914 e com 1815, este último selou uma paz que deu em guerra em 1914 e em 1939 como desdobramentos de acordos malfadados em décadas anteriores. E desde então surgiu após a Segunda Guerra um novo paradigma mundial e mesmo assim não funcionou e estamos agora no limite entre escolher um convívio harmonioso entre os velhos e novos atores globais ( não da Rede Globo kkkkk ), mas no mundo em que vivemos e ou escolhem competir como estamos começando a observar e que pode desdobrar em novas crises que darão em guerras desnecessárias. Mas necessárias para as elites sedentas por poder e controle.
ExcluirVamos observar Marcelo