Ataque químico é prólogo de uma grande guerra
01.05.2013  
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© Colagem: Voz da Rússia 
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Dúvidas sobre o uso na Síria de agentes químicos de guerra atormentam os altos funcionários dos países da OTAN. O próprio fato de discussões sobre o tema de armas químicas sírias é um sintoma de uma iminente guerra em grande escala que está chegando à região, alertam especialistas.
O governo e autoridades 
competentes francesas ainda não receberam provas de que as partes em 
conflito na Síria têm usado armas químicas. “Nós não temos certeza 
nenhuma. Há dados providenciados pelos britânicos e norte-americanos, 
nós estamos agora a verificá-los”, disse na segunda-feira o ministro das
 Relações Exteriores francês Laurent Fabius através da emissora de rádio
 Europe 1.
No entanto, a escalada do conflito na 
Síria já foi tão longe e tomou formas tão sofisticadas que não podemos 
excluir nenhum cenário, acredita o especialista do Instituto Russo de 
Estudos Estratégicos, Azhdar Kurtov:
“Geralmente, se 
em tais condições não se consegue a vitória de uma parte ou outra, 
muitas vezes as partes recorrem a meios de influencia mais fortes. Ou 
seja, inclusive a armas mais letais. Eu acredito que não há razões 
suficientes para acusar o governo de Bashar Assad de uso de armas de 
destruição em massa, particularmente de armas químicas. Há uma lógica 
simples: contra este país já está lançada uma campanha internacional por
 parte de vários estados líderes mundiais, e o uso de armas por parte do
 governo de Assad só daría um pretexto para uma intervenção militar 
aberta. Afinal, Bashar Assad não é um suicida para agir desta forma. 
Portanto, eu tendo a acreditar que essas armas poderiam ter sido usadas 
pelos rebeldes.”
No entanto, nos EUA já se fala de 
que a Síria cruzou a fatídica “linha vermelha” que a Casa Branca definiu
 para o regime de Bashar Assad. Esta linha, como já disse várias vezes o
 presidente dos EUA Barack Obama, seria o fato de qualquer uso de armas 
químicas na Síria. Washington aumentou o volume de sua chamada 
assistência não-letal à oposição síria, enviou para a vizinha Jordânia 
200 especialistas de inteligência e condução de operações especiais, e 
pretende deslocar para lá uma divisão de blindados e sistemas de defesa 
aérea Patriot. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse 
recentemente que a administração “não rejeita nenhuma opção” de 
influenciar Damasco. Normalmente, esta expressão é utilizada nos EUA 
para referir a possibilidade de guerra, ou, pelo menos, de 
bombardeamentos desde o ar. São evidentes todos os sinais de preparação 
para a implementação na Síria do “roteiro líbio”.
Primeiro
 de tudo, uma eventual operação contra a Síria será apoiada pelo Reino 
Unido e a França, supõe Azhdar Kurtov. Também é possível o cenário de 
uma tentativa de realizar uma intervenção militar pelas mãos das 
monarquias conservadoras do Golfo Pérsico, Arábia Saudita e Catar. 
Talvez eles irão organizar uma invasão pelas forças de mercenários 
comprados com os enormes fundos que já foram investidos em 
desestabilizar a situação no Oriente Médio, acredita o perito. Segundo 
ele, os adversários de Bashar Assad procuram eliminar o seu regime como 
uma condição, indispensável de seu ponto de vista, para o início de uma 
agressão militar aberta contra o principal aliado da Síria – o Irã.
O
 desenvolvimento da situação em torno da Síria é improvável de repetir 
os acontecimentos na Líbia ou no Iraque, e em qualquer caso este será um
 novo cenário, acredita o presidente do Instituto do Oriente Médio 
Evgueny Satanovsky. Mas os escaramuçadores de todas as ideias de 
intervenção do exterior na guerra civil da Síria são a Arábia Saudita, o
 Catar e a Turquia, disse ele à Voz da Rússia:
“Os 
ataques contra depósitos de armas químicas ou contra grupos de 
militantes, se eles começarem a obter armas químicas, serão 
provavelmente realizados por americanos ou israelenses, envolvendo 
forças aéreas britânicas ou francesas. O Ocidente, neste caso, é o cão 
que está sendo abanado pela cauda em forma de Doha, Riade e Ancara. 
Assad terá o apoio do Irã e, em menor medida, de Hezbollah, para o qual 
será suficiente manter posições no Líbano. No Oriente Médio tudo pode se
 transformar numa guerra regional, mas vamos entender que estamos 
caminhando para uma grande guerra com o Irã. E um ataque contra a Síria,
 se isso acontecer, será o primeiro arauto do início dessa campanha 
militar.”
É evidente que para o Ocidente a derrubada 
do governo em Damasco tornou-se uma questão de honra. O regime de Bashar
 Assad mantêm-se já durante dois anos, e isso é inaceitável para as 
potências ocidentais. E nem sequer se trata dos benefícios da posição 
geográfica ou geopolítica da Síria. A vitória ou uma campanha militar 
bem sucedida aqui permitirão, pelo menos até certo ponto, compensar o 
fato de que no Afeganistão a OTAN e os Estados Unidos de facto foram 
derrotados.
Sinistro!
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