Vice-premiê diz que Turquia pode usar Exército para reprimir protestos
Afirmação foi feita no mesmo dia em que a tropa de choque enfrentou cerca de 1 mil sindicalistas em Ancara após um fim de semana marcado por novos protestos violentos
O vice-premiê turco, Bulent Arinc,
disse nesta segunda-feira que a Turquia pode, se necessário, utilizar
"elementos das Forças Armadas" para ajudar a dissipar os protestos
contra o governo após mais de duas semanas de manifestações violentas em
diversas cidades.
"Nossa polícia e nossas forças de segurança
estão fazendo seu trabalho. Se isso não for o bastante, então a polícia
fará o seu trabalho. Se isso não for o bastante, podemos inclusive
utilizar elementos das Forças Armadas turcas", disse Arinc à TV estatal
TRT.
A afirmação foi feita no mesmo dia em que a tropa de
choque da polícia turca enfrentou cerca de 1 mil sindicalistas em
Ancara, a capital, após um fim de semana marcado por novos protestos
violentos contra o governo.
Os policiais usaram megafones para tentar conter a
passeata que rumava para o bairro de Kizilay, no centro da cidade.
"Vocês que estão nas ruas devem parar de bloqueá-las. Não sejam
provocados. A polícia usará a força", gritavam os agentes enquanto
vários canhões de água eram posicionados nos arredores.
Outras passeatas estão programadas para esta segunda em
Istambul, apesar dos alertas do governo de que manifestações não serão
toleradas. "Há uma tentativa de trazer as pessoas para as ruas por meio
de greves e paralisações trabalhistas. Isso não será permitido", disse o
ministro do Interior Muammer Guler.
No fim de semana, a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos
d'água para dispersar milhares de manifestantes que estavam
concentrados nos arredores da Praça Taksim, epicentro dos protestos
contra o governo iniciados no começo de junho.
A polícia deteve 441 pessoas no domingo em Istambul e 56
em Ancara. Os protestos iniciados há 18 dias deixaram cinco mortos,
incluindo um policial, e mais de 5 mil mortos feridos, de acordo com os
grupos de direitos turcos.
O que começou como uma pequena manifestação de
ambientalistas contra a construção de uma réplica de quartéis militares
otomanos do século 18 e de um shopping num parque vizinho à Praça Taksim
se transformou em um movimento nacional contra o premiê Tayyip Erdogan,
acusado por seus oponentes de ser autoritário e interferir
demasiadamente na vida da população.
"Estamos cansados de protestar, não queremos continuar
fazendo isso, queremos voltar às nossas vidas, mas estamos cansados
desse governo opressivo interferindo constantemente", disse o professor
Mahmet Cam, que protestava em Ancara.
Houve confrontos nesta segunda também na cidade de
Eskisehir, cerca de 200 quilômetros a sudeste de Istambul, onde a
polícia usou gás lacrimogêneo e jatos d'água para dispersar uma
multidão, segundo a agência de notícias Dogan.
Stefan Fuele, comissário da União Europeia para assuntos
de ampliação do bloco, manifestou preocupação com a situação na Turquia
cujo processo de adesão à UE foi atrapalhado em parte por causa de
questionamentos sobre os direitos humanos e a liberdade de expressão no
país.
"A Turquia precisa de uma desescalada e de um diálogo,
não da continuação do uso excessivo da força contra manifestantes
pacíficos, observamos com preocupações", escreveu pelo Twitter.
*Com Reuters
http://ultimosegundo.ig.com.br
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