segunda-feira, 8 de julho de 2013

Crise no Egito

Irmandade Muçulmana convoca rebelião contra Exército, que diz ter agido em resposta à ação de 'terroristas'

Confrontos de soldados e policiais contra islamitas deixaram 54 mortos nesta segunda-feira no Cairo, incluindo 51 manifestantes e três membros das forças de segurança, disseram autoridades e testemunhas, em meio a uma crise política depois da deposição do presidente islamita Mohammed Morsi . Em resposta à violência, a Irmandade Muçulmana, de Morsi, convocou uma rebelião completa contra o Exército . Os confrontos também deixaram 435 feridos.
AP
Homem mostra camiseta ensanguentada de partidário do presidente deposto Mohammed Morsi do lado de fora de hospital no Cairo

A carnifica do lado de fora do prédio da Guarda Republicana no distrito de Nars City, a leste da capital - onde Morsi ficou sob custódia logo depois de sua deposição no dia 3 -, marca o dia com maior número de mortos desde o início de protestos em massa que levaram à susbtituição do governo dele por uma administração civil interina .
Seus partidários - muitos dos quais pertencem á Irmandade Muçulmana - estavam acampados no local. Eles dizem que o Exército realizou um golpe e que Morsi é seu presidente legítimo. Mesmo antes de todos os corpos serem contados, houve relatos conflitantes sobre como a violência começou. Os partidários de Morsi disseram que os soldados atacaram seu acampamento de manifestação sem terem sido provocadas, enquanto o Exército afirmou ter sido agredido primeiramente por atiradores.
Depois da violência da manhã desta segunda-feira, o partido linha dura salafista Nour - que havia apoiado a queda de Morsi - disse que se retirava das negociações para escolher um primeiro-ministro interino , descrevendo o incidente como um "massacre".
Mesmo antes de todos os corpos serem contados, no dia com mais mortes desde o início da crise, houve relatos conflitantes sobre como a violência começou - com os partidários de Morsi dizendo que foi um ataque lançado sem provocação, enquanto o Exército afirmava terem sido agredidos primeiramente.
A violência certamente dividirá ainda mais a Irmandade Muçulmana, que acusa o Exército de ter realizado um golpe contra a democracia, de seus oponentes, que alegam que Morsi manchou sua vitória eleitoral e traiu o espírito democrático da revolução da Primavera Árabe  - em que Hosni Mubarak foi deposto em 2011  - ao aumentar a presença da Irmandade no Estado.

O Exército, que depôs Morsi em meio a protestos populares em massa, agora agora enfrenta pressões para impor rígidas medidas de segurança para evitar que o conflito saia do controle. Também terá de produzir provas convincentes para apoiar sua versão dos acontecimentos para não sofrer o que já surge com uma ofensiva de mídia da Irmandade para retratar o Exército como uma instituição brutal com pouca consideração pela vida humana ou pelos valores democráticos.
Poucas horas depois do ataque a tiros, o braço político da Irmandade Muçulmana conclamou todos os egípcios a se levantar contra o Exército, que acusou de empurrar o país para se tornar "uma nova Síria" - um referência à guerra civil que deixou mais de 93 mil mortos desde março de 2011.
Ahmed Mohammed Ali, um porta-voz militar, disse que atiradores afiliados à Irmandade tentaram invadir o prédio antes no amanhecer, disparando munição real e lançando coquetéis molotov a partir da mesquita e dos telhados vizinhos.
AP
Médico egípcio partidário de presidente deposto Mohammed Morsi é visto em hospital em Nassr City, Cairo (8/7)
 

A estudante universitária Mirna el-Helbawi também relatou que atiradores leais a Morsi abriram fogo primeiro, incluindo a partir do telhado de uma mesquita vizinha. El-Helbawi, 21, vive em um apartamento em que tem uma visão do local.
Partidários de Morsi, porém, disseram que as forças de segurança dispararam contra centenas de manifestantes, incluindo mulheres e crianças, que estavam no acampamento do lado de fora do local. "Eles abriram fogo com munição real e usaram gás lacrimogêneo", disse Al-Shaimaa Younes, que estava no acampamento. "Houve pânico e as pessoas começaram a correr. Vi pessoas caírem."
Qualquer que seja o desencadeador da violência, a escalada do caos complicará ainda mais as relações do Egito com Washington e outros aliados ocidentais, que agora reavaliam suas políticas em relação ao grupo apoiado pelo Exército que forçou a saída de Morsi.
*Com AP e BBC
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