quarta-feira, 30 de outubro de 2013

POLÍCIA MILITARIZADA DOS EUA ATERRORIZA CIDADÃOS!

A guerra contra as drogas e o terrorismo tem diluido as fronteiras entre a polícia e os militares nos EUA. O resultado do aumento no controle dos estados pelo governo federal foi a criação de uma polícia militarizada composta de agentes fortemente armados que carregam rifles semi-automáticos para fazer seu trabalho de rotina. Esta nova geração de bandidos militares têm o poder e a vontade de saquear lojas de alimentos, fazendas e casas por razões que são simplesmente inexplicáveis.
Consumo de leite cru, a posse de um jardim ou um relatório simples de um vizinho pode acionar um cenário de pesadelo para qualquer americano em qualquer cidade ou vila do país. Recentemente, um cão recebeu multiplos tiros de um policial depois que o animal começou a latir para ele enquanto prendiam o seu dono. O homem foi inexplicavelmente preso e algemado, enquanto caminhava pela rua sem que os agentes explicassem o porquê.
A imagem da polícia que as pessoas tinham em quase todas as cidades deu lugar a grupos armados de agentes que não hesitam em colocar 10 ou mais tiros em qualquer um que não faz o que eles dizem. Não há tolerância para o diálogo ou o respeito aos direitos constitucionais.
Armados com rifles e veículos blindados, a polícia cerca casas e bens públicos com uma mentalidade de guerra na qual mergulham seus cérebros, o que é difícil de apagar. Estes homens estão preparados para conduzir combate urbano contra aqueles que pagam seus salários.
Os militarizados são agentes de uma força especial cujas ações são muitas vezes letais. Conhecidos como equipes da SWAT, são treinados para atuar como militares como parte da crescente aquisição de departamentos de polícia nos Estados Unidos pelo governo federal. Eles estão prontos para atacar, apreender e deter sem explicação.
A maioria de suas vítimas são cidadãos desarmados e inocentes que estão longe de ser a ameaça descrita nos treinamentos da polícia que são orquestrados como operações de alto risco. Muitos policiais são ex-soldados que retornam do Iraque que receberam uma lobotomia em preparação para viajar para zonas de guerra e que não são capazes de limpar as cenas vistas de suas mentes.
“Eles são chamados de forças especiais e não devem ser usados constantemente. O problema é que seu uso não é especial, mas de rotina “, diz Arthur Rizer, um ex-policial e ex-soldado que tem observado durante anos a crescente militarização dos departamentos de polícia locais.
Grande parte dessa militarização é por causa do financiamento federal dos departamentos de polícia locais. Se um departamento de polícia não segue as orientações sobre como os agentes devem agir, estes departamentos sofrem cortes no orçamento por parte do governo federal. Às vezes, quando os oficiais de justiça decidem se opor à militarização de seus agentes, são perseguidos pelo governo que inventa accusações de abuso de poder e tratamento desumano de prisioneiros, entre outras coisas.
“Se eles são treinados como soldados e estão equipados como soldados não devemos ficar surpresos quando eles agem como soldados. A missão de um soldado é matar o inimigo “, disse Rizer, que é professor de Direito na Universidade de Georgetown.
Radley Balko, jornalista investigativo, publicou recentemente um livro no qual ele descreve como a polícia está equipada com meios militares e como eles chegaram a ser utilizados quase que diariamente em ataques contra suspeitos de possuir drogas, pessoas que plantaram uma horta ou de vender leite cru em sua fazenda. Aquelas pessoas que educam seus filhos em casa também são vítimas das visitas dos militarizados.
Às vezes, diz Radley, as intervenções destas forças militarizadas acabam em consequências fatais para os cidadãos. Seu livro “Rise of the Warrior Police” fala de casos de monges tibetanos presos por equipes militarizadas da SWAT após o visto expirar em 2006. Ele relata o caso de Alberto Sepulveda, de 11 anos, que morreu em 2000, após ter sido baleado por engano durante uma operação do SWAT contra um grupo de traficantes de drogas na Califórnia.
Danos colaterais
O que muitos americanos conhecem como SWAT nasceu na década de 1960, pouco antes do presidente Richard Nixon declarar a guerra contra as drogas. Será que isso é uma coincidência? Desde então, seu tamanho e força cresceram desproporcionalmente sob o pretexto da necessidade de proteger a polícia na luta contra os cartéis de drogas, “que geralmente são fortemente armados”, disse Rizer.
Hoje, é difícil ver equipes do SWAT trabalhando na fronteira entre os EUA e o México ou Canadá, que são os dois principais pontos de entrada para os traficantes de drogas, mesmo que tal  desculpa fosse dada para investir milhões de dólares na militarização dessas equipes e dos departamentos de polícia.
“Apesar do fato de que uma lei de 1878 impede o uso de forças militares e de segurança nos EUA , o governo fez um mix entre os dois estilos em sua luta ineficaz contra o tráfico de drogas,” Rizer acrescentou.
“A guerra contra as drogas começou a equipar policiais e soldados e a chamada guerra contra o terrorismo levou à militarização da polícia para um nível totalmente novo”, disse Rizer. Após os ataques de 11 de setembro de 2001, o Governo aumentou o financiamento para a militarização em um suposto esforço sem fim para combater o terrorismo no país, enquanto a tecnologia militar tornou-se mais acessível aos departamentos de polícia locais.
De acordo com o Center for Investigative Reporting (CIR), o Departamento de Segurança Interna (DHS) investiu 35 bilhões desde 2002 para fortalecer as forças nacionais, especialmente para comprar equipamento militar, enquanto o Pentágono gastou mais 500 milhões de dólares para militarizar a polícia só em 2011.
Enquanto isso, equipes da SWAT foram mobilizadas para milhares de missões, desde a sua criação. Ate 2005, ela tinha realizado 50.000 missões, segundo o professor e pesquisador Peter Kraska, da Universidade de Kentucky.
Esta tendência chamou a atenção de Rizer em 2006, quando ele voltou aos EUA depois de dois anos de serviço na guerra do Iraque e viu “um policial no aeroporto, na cidade de Minneapolis carregando uma M4, exatamente o mesmo rifle que ele usou quando patrulhou a cidade iraquiana de Fallujah.
Em países como os EUA, Canadá e Reino Unido, agora é normal ver policiais militares fortemente armados em aeroportos, estações de trem, portos e outros pontos de acesso. O número desses agentes aumenta drasticamente a cada vez que os governos desses países afirmam que existe uma ameaça ao seu país, caso em que é comum ver policiais uniformizados em preto patrulhando as ruas de cidades como Nova York, Boston, Los Angeles e Chicago .
“Uma M4 é uma arma de longa distância. Se a polícia tem que matar alguém que está distante, isso não se encaixa no conceito de proteger e servir a sua comunidade. Então eu comecei a investigar a militarização da polícia nos EUA,” Rizer disse. Agora, o especialista acredita que “a polícia nos Estados Unidos tornou-se simplesmente uma força cujos objetivos estão baseados na mentalidade de quebrar portas e derrubar edifícios.”
Este comportamento muitas vezes é comemorado em todo os EUA por pessoas que não têm idéia de como a polícia tem sido transformada. O exemplo mais recente é a busca de um suposto suspeito de terrorismo em Boston, onde as equipes da SWAT da polícia invadiram bairros onde eles acreditavam que o suspeito poderia estar escondido. Depois de encontrá-lo, a polícia desfilou sob aplausos de algumas pessoas que pareciam encantadas com a idéia de que ter o seu rosto sob a bota de homens em uniformes pretos é sinônimo de segurança..
Em seu livro, o Sr. Balko também fala de uma “cultura de militarização”, que foi aumentada por estímulos feitos através de vídeos, filmes e canais de notícias, onde bandidos policiais são recrutados para realizar missões e onde são elogiados cada vez que desobedecem a Constituição a fim de “salvar a cidade” dos membros do grupo terrorista Al Qaeda. Muitas vezes, esses supostos terroristas preenchem o perfil do típico cidadão americano e não o de um terrorista árabe, por exemplo.
As pesquisa feitas por Rizer, Balko e Kraska serão fortes adições a um estudo realizado pela ACLU, uma organização para a defesa dos direitos civis, que avaliou o fenômeno conhecido como a militarização da polícia nos Estados Unidos. O estudo é baseado em dados de 255 departamentos de polícia em 25 estados dos EUA.
Kara Dansky, que lidera a pesquisa para a ACLU, disse que foi a sua experiência na leitura de relatórios perturbadores como os citado por Balko,  que a incitou a investigar “se houve de fato um movimento para militarizar a polícia” nacional.

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