Ameaça de atentados amedronta capital do Mali, diz embaixador brasileiro
Segundo Jorge José Frantz Ramos, há apenas dez brasileiros em Bamako, que milícia planeja atacar para retaliar intervenção francesa
A capital malinesa Bamako vive um clima de medo em
relação a possíveis atentados de extremistas islâmicos, segundo o
embaixador brasileiro Jorge José Frantz Ramos. A cidade vem recebendo
cada vez mais tropas francesas.
Menino que fugiu do norte do Mali é visto em campo de desalojados internos na cidade de Sevare, a 620 km a norte de Bamako
Segundo o diplomata, há apenas dez brasileiros
atualmente no Mali - três missionários e sete diplomatas da
representação brasileira, todos em Bamako. Os religiosos são
aconselhados pelo Itamaraty a abandonar suas atividades e deixar o país
por causa do conflito desatado por intervenção militar francesa
iniciada há 12 dias.
"O grupo Ansar Dine disse que se vingaria (dos ataques
franceses no norte do país) e ameaçou autoridades locais", disse o
embaixador. A Ansar Dine é uma milícia formada por extremistas islâmicos
acusada pelas potências ocidentais de ser formada por ex-membros da
AQIM
, o ramo da rede Al-Qaeda na região do Magreb.
Juntamente com outras milícias islâmicas, como o
Movimento de Unidade e Jihad da África Ocidental e rebeldes tuaregues, a
Ansar Dine aproveitou-se de um golpe de Estado
dos militares em março de 2012 para tomar a maioria das cidades no norte do Mali.
No início do mês, os grupos islâmicos iniciaram uma
ofensiva em direção ao sul, controlado pelo governo malinês. Quando a
cidade de Konna - na fronteira de fato entre o norte e o sul - foi
tomada por extremistas, a França iniciou uma intervenção militar no
país.
Diversas cidades do norte foram bombardeadas pela aviação francesa e ao menos três foram tomadas por tropas terrestres
. Embora o conflito ocorra a grande distância da capital, o embaixador
afirmou que uma quantidade crescente de tropas francesas está sendo
posicionada em Bamako.
O principal objetivo delas é proteger os cerca de 6 mil
franceses que residem no país de eventuais atentados. "Aparentemente
Bamako está tranquila, mas existe esse risco de atentados", disse Ramos.
Segundo ele, nenhuma representação diplomática retirou
seu pessoal da capital. Por enquanto, a embaixada brasileira deve
continuar funcionando normalmente.
Conflito
A França possui atualmente cerca de 2 mil militares no
Mali. Um reforço de mais 500 homens deve chegar ao país nos próximos
dias. Contudo, segundo analistas, a campanha militar francesa - cuja
maior força são os bombardeiros aéreos - depende do apoio de tropas
terrestres de países africanos.
Uma coluna do Chade (que prometeu um reforço de 2 mil
militares), especializada em guerra no deserto, atravessa atualmente o
Níger em direção ao norte do Mali. Além disso, uma força militar formada
por tropas de países da Cedeao (Comunidade Econômica de Estados da
África Ocidental) deve entrar no país em breve com mais de 2 mil homens.
Reino Unido e EUA participam do conflito fornecendo
informações de inteligência e transporte aéreo estratégico para os
franceses.
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