Chegou a hora de observar o cometa Ison
Depois de meses de expectativa, é chegado o momento de procurar
o famoso (e por ora ainda discreto) cometa Ison nos céus brasileiros.
Astrônomos amadores ao redor do mundo reportam que seu brilho começou a
aumentar, conforme ele ruma na direção do Sol, e o objeto já pode ser
visto com o auxílio de binóculos. Você provavelmente não encontrará
momento melhor para procurá-lo do que durante este feriado prolongado,
sem a pressão de acordar cedo no dia seguinte.
Antes, alguns aperitivos. Confira essa bela imagem capturada pela
Nasa em 8 de novembro, com um telescópio de 14 polegadas, no Centro de
Voo Espacial Marshall, em Huntsville, Alabama.
Gostou? Mais legal ainda foi a imagem obtida pelo astrônomo amador
austríaco Michael Jäger anteontem. Ela já mostra o cometa Ison com duas
caudas.
O padrão de duas caudas é bem comum e é mais um sintoma da aparente
boa saúde do astro. Uma delas é composta por poeira, e vai ficando para
trás ao longo da órbita do astro. A segunda é produzida pela sublimação
de material volátil (principalmente gelo de água). Essa trilha gasosa é
projetada na direção oposta ao Sol. Por isso o suave desalinhamento
entre as duas.
A tendência é que o brilho continue aumentando durante os próximos
dias, mas ele cresce na mesma proporção em que o cometa se aproxima de
nossa estrela-mãe (e com isso começa a nascer cada vez mais tarde no
céu, quase junto com o Sol). No dia 28 próximo, ele passará raspando a
1,2 milhão de km da superfície solar — menos de um centésimo da
distância Terra-Sol. Nesse período, será praticamente impossível tentar
vê-lo, e ficará a expectativa dos amantes do céu. O Ison sobreviverá à
passagem e sairá do outro lado do Sol? Ou o calor e a tensão
gravitacional serão demais para o objeto de 5 km de diâmetro, que será
feito em pedaços e nunca mais voltará a ser avistado?
Nada se sabe a esse respeito. O que já dá para saber é que o cometa
não deve ser observável do hemisfério Sul após o periélio. Isso porque,
do nosso ponto de vista, o cometa irá se pôr antes do Sol e nascerá
praticamente junto com o astro-rei. A não ser que as mais otimistas
expectativas de brilho do Ison se concretizem, ele será completamente
ofuscado pela luz solar e invisível durante o dia.
PARA OBSERVAR NO FERIADO
É preciso pelo menos um bom par de binóculos. Com um telescópio, a
imagem pode ser melhor, mas é mais difícil de achar o Ison. A olho nu,
não vai rolar. Ele está no momento com brilho de magnitude 8, e é
preciso 6 ou menos para vê-lo a olho nu num céu limpo e longe da
poluição luminosa (quanto menor a magnitude, mais brilhante é o objeto) .
O melhor horário para observá-lo é por volta das 5h30 da manhã, pouco
antes de o Sol nascer. Olhe na direção leste, para a constelação de
Virgem. O cometa Ison estará bem próximo à estrela Porrima (Gamma
Virginis). Confira o mapa do céu na região em que o Ison pode ser
encontrado (feito tendo como referência a cidade de São Paulo, dia 15,
5h30).
“As próximas noites podem ser as melhores para os observadores no Sul
e Sudeste do Brasil, já que o tempo está bom e a Lua ainda não está
cheia”, afirma Gustavo Rojas, astrônomo da UFSCar (Universidade Federal
de São Carlos). “Estar em um local escuro é essencial”, complementa.
O Mensageiro Sideral tem acompanhado de perto a saga do Ison, desde que ele foi clamado como potencial cometa do século até as controvérsias entre os astrônomos, que ora diziam que ele estava condenado a sumir, ora afirmavam que tudo estava caminhando conforme o esperado. Em breve, os capítulos finais desta emocionante novela celeste.
Informação de hoje, 15/11/2013
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