Conflito da Síria é 'casa de vespas' com efeitos regionais
Ataques lançados no fim de semana expõem tentativa de Israel de impedir que armas de seu arqui-inimigo Irã cheguem ao libanês Hezbollah, também inimigo do Estado judeu
Os fatos no Oriente Médio mudam tão rapidamente que nunca
é fácil compreendê-los, nem mesmo em contexto. A Síria parece um
acontecimento regional sem efeitos exteriores, mas é uma "casa de
vespas".
Russos e chineses, que possuem grandes
interesses no país, revelam-se obrigados a atitudes dúbias quanto à
situação. Ao mesmo tempo que manifestam seu desagrado com as matanças de
ambos os lados, pelas forças do governo e grupos rebeldes, preocupam-se
com a manutenção de seus objetivos na região. A Rússia tem base naval
na Síria, a sua única no Mediterrâneo, e precisa preservá-la. E para
isso depende, no momento, do presidente Bashar al-Assad.
Prédios danificados por ataque aéreo de Israel são vistos em Damasco, Síria (05/05)
Nenhum dos países envolvidos na crise da Síria, onde
estão várias embaixadas, conhecem exatamente quais os grupos poderosos
que tendem a tomar o poder no caso de queda de Assad. Nenhuma potência
tentou forçar a suspensão da guerra civil. Pelo simples motivo de que,
depois de mais de dois anos de conflito, nenhum dos grupos assumiu a
liderança da rebelião.
Quando Assad diz que "se defende de grupos que podem ser qualificados de terroristas", não exagera: há organizações lutando sob bandeira da Al-Qaeda
. Ele também não erra quando fala que a palestina Jihad Islâmica luta
contra ele. Por isso, pode alegar, com certa razão, que o seu governo
defende a preservação da ordem contra rebeldes que querem destruí-lo.
Os movimentos de oposição têm um único objetivo comum:
afastar Assad do poder. O que é provável que só aconteça com a
eliminação física de Assad, seus parentes e parceiros próximos. Por
enquanto, nenhum país aceitou-o no exílio, pois seria um problema se
tentasse voltar à Síria. No seu palácio, é mantido excelente padrão de
vida e não há sinal de derrota. De todos os grupos do conflito, o
governo é o único que tem uma força organizada. E o embate continua,
porque o outro lado não se une para uma ação conjunta. Cada um está
pensando em como chegará ao poder.
Os alauítas, seita de Assad, são uma facção dos xiitas.
Os sunitas, maioria na Síria, vinham sendo mantidos sob marcação cerrada
do governo. Há grupos sunitas moderados que desejam substituir Assad
por uma democracia. Sunitas extremistas querem, primeiro, eliminá-lo,
para depois pensar no que fazer. Não existe consenso, pois uns não
confiam nos outros. E a presença de tropas muitos bem treinadas do
Hezbollah
, xiitas que dominam o sul do Líbano, é uma complicação maior ainda.
O que pouca gente discute é a ambição de facções rebeldes
de aproveitar o conflito sírio para criar um governo islamita
agressivo, expansionista, com o sonho nunca abandonado de um dia ver o
Califato Árabe no Oriente Médio. A Síria é aliada formal do Irã, país
persa. Através dela, o regime dos aiatolás arma o Hezbollah, grupo
político e paramilitar.
Os rebeldes estão em inferioridade bélica, somando todos grupos. Os americanos começaram a propor apoio de guerra
, mas quem ficará com essas munições? E se forem entregues aos
extremistas? Israel crê na segunda hipótese. E dois ataques aéreos lançados no fim de semana
tiveram o objetivo de destruir armas estratégicas que o Irã envia ao Hezbollah.
Pela “Lei do Olho no Olho”, Assad estava obrigado a
responder ao Estado judeu, ao qual ele não tem condições, hoje, de
enfrentar. Tropas de Israel estão na fronteira, de vigília. O líder
sírio planeja sua vingança para outro momento, quando os israelenses
estiverem distraídos. Mas grupos como o Hezbollah têm como atacar Israel
por meio de atentados.
*Com colaboração de Nelson Burd
http://ultimosegundo.ig.com.br
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