Opositores e partidários do presidente egípcio marcham nas ruas do Cairo
Manifestações desta sexta antecedem a grande protesto nacional marcado para domingo pela oposição a Morsi
Milhares de partidários e opositores ao presidente
islâmico do Egito realizam manifestações nesta sexta-feira (28) nas ruas
do Cairo.
Partidários de Mohammed Morsi marcharam no
distrito de Nasr, em uma demonstração de apoio antes dos grandes
protestos nacionais planejados pela oposição para este fim de semana.
A oposição ao presidente, que se reúne nesta
sexta em vários lugares da capital egípcia, planeja juntar multidões no
domingo em protestos nacionais, prometendo forçar a renúncia do atual
líder do país.
Do lado oposto do local que ocorre a marcha em favor de
Morsi, milhares se reúnem na Praça Tahrir, gritando palavras de ordem e
exigindo que o presidente "deixe o poder".
Nos últimos dias, os opositores a Morsi e integrantes da
Irmandade Muçulmana se confrontaram nas ruas de várias cidades no Delta
do Nilo em episódios de violência que deixaram ao menos cinco mortos. A
morte mais recente aconteceu nesta sexta-feira quando um dos feridos
morreu no hospital.
Muitos temem que esses confrontos sejam um prelúdio de
mais violência e derramamento de sangue nas ruas do país no domingo. Em
um sinal da atmosfera de desafio, o xeque Hassan al-Shafie, clérigo
sênios de Al-Azhar, instituto religioso mais importante do Egito,
alertou para a possibilidade de "guerra civil" após os conflitos no
Delta.
O Aeroporto Internacional do Cairo estava lotado nessa
manhã, em um êxodo sem precedentes, segundo autoridades. Eles afirmam
que todos os voos saindo do Egito nesta sexta-feira têm como destinos os
EUA, a Europa e o Golfo. Todos os assentos dos voos já estavam
reservados.
De acordo com uma autoridade, que falou à agência
Associated Press (AP) em condição de anonimato, muitos dos que estão
deixando o país são parentes de autoridades e empresários egípcios - bem
como muitos cristãos.
Ambos os lados da disputa prometeram manter seus
protestos pacíficos e, até agora, eles trocaram acusações sobre quem
começou a usar violência. Tamarod, grupo ativista cuja campanha pela
petição contra Morsi provocou a convocação da manifestação de domingo,
afirmou em um comunicado que se opunha "a qualquer ataque contra
qualquer pessoa" e acusou a Irmandade Muçulmana de provocar pânico para
evitar uma participação em massa da população.
Tamarod afirma ter coletado cerca de 20 milhões de
assinaturas no país de 90 milhções de habitantes exigindo a renúncia de
Morsi.
A Irmandade Muçulmana afirmou que os cinco mortos nos
confrontos no Delta eram seus membros. Algumas pessoas "pensam que podem
derrubar um presidente eleito democraticamente matando seus
partidários", disse Gehad el-Haddad, porta-voz da Irmandade, em sua
conta no Twitter.
A marcha em favor de Morsi acontece em frente à mesquita
Rabia el-Adawiya, no Cairo, não muito distante do Palácio Presidencial,
um dos locais onde a oposição planeja fazer seu protesto na sexta-feira.
Em seu sermão nesta sexta-feira, o clérigo da Rabia
el-Adawiya alertou que se Morsi for deposto "não havera presidente para o
país" e o Egito descerá para o "inferno da oposição".
Milhares de partidários de Morsi lotaram as
ruas, cantando músicas religiosas. "É por Deus, não por posição ou
poder", gritavam. "Levante sua voz, egípcio: sharia islâmica." Muitos
usavam bandanas verdes com as palavras de ordem da Irmandade Muçulmana.
Autoridades de segurança afirmam que os
conflitos na cidade de Mansoura, do Delta do Nilo, deixaram três mortos
nos últimos três dias, além de dois mortos na província de Sharqiya.
Em Sharqiya na quinta-feira, uma marcha islâmica se
chocou contra uma manifestação contra Morsi, provocando confrontos
violentos. Os dois lados jogavam pedras uns contra os outros e
disparavam tiros, deixando 70 feridos.
Com AP
http://ultimosegundo.ig.com.br
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