Explosões matam ao menos 16 em Bagdá e agravam tensões entre grupos no Iraque
Outras sete pessoas, inclusive três policiais, morreram em confrontos entre pistoleiros e forças de segurança na cidade de Mosul
Pelo menos sete explosões atingiram bairros xiitas e
sunitas de Bagdá na quinta-feira (30), matando ao menos 16 pessoas e
agravando a tensão sectária no Iraque.
A atual onda de violência --a pior em cinco anos no
país-- é motivada pela sensação de discriminação que muitos membros da
minoria sunita dizem sofrer por parte do governo, dominado pela maioria
xiita. A guerra civil na vizinha Síria também contribui para envenenar o
ambiente, e combatentes dos dois grupos religiosos já cruzaram a
fronteira para combater em lados opostos no conflito sírio.
Nenhum grupo assumiu a autoria dos atentados de
quinta-feira, mas insurgentes sunitas e a ala iraquiana da Al Qaeda vêm
intensificando suas operações desde o começo do ano, como parte de uma
campanha para exacerbar as tensões sectárias.
Um carro-bomba explodiu no bairro sunita de
Binoog, no norte de Bagdá, matando pelo menos quatro pessoas. Ao longo
da quinta-feira, seis outras bombas mataram 12 pessoas em bairros da
capital, segundo a polícia. Áreas sunitas e xiitas foram atingidas.
Iraquianos se reúnem em cena de explosão, no dia 27, de carro-bomba no bairro de Habibiya, leste de Bagdá
Outras sete pessoas, inclusive três policiais,
morreram em confrontos entre pistoleiros e forças de segurança na
cidade de Mosul (norte), segundo autoridades. Mais de mil pessoas já
morreram em incidentes no Iraque desde abril, quando forças do governo
desmantelaram um acampamento de manifestantes sunitas em Hawija (norte),
irritando líderes sunitas e desencadeando confrontos que se espalharam
por todo o país. A situação gera temores de que o país volte à situação
de 2006/07, quando milhares de pessoas morreram em confrontos sectários.
Milhares de sunitas protestam semanalmente desde dezembro
nas ruas das províncias do oeste iraquiano, e o governo --dividido
entre xiitas, sunitas e curdos-- está envolvido em disputas a respeito
de como partilhar o poder.
Muitos sunitas acusam o primeiro-ministro Nuri al Maliki,
xiita, de isolar os sunitas para fortalecer o poder dos xiitas. Líderes
xiitas alegam que muitos líderes sunitas estão empenhados em solapar os
acordos de partilha de poder.
As tentativas de solucionar a crise esbarram também nas
profundas divisões entre os líderes políticos sunitas. Sunitas
moderados, favoráveis a negociações com os xiitas, às vezes são atacados
por radicais que querem a saída de Maliki.
Na quinta-feira, os governadores sunitas das províncias
de Anbar e Salahuddin foram alvos de atentados com carros-bombas, mas
sobreviveram ilesos. Ambos vêm cooperando com Maliki para tentar aplacar
a insatisfação sunita.
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