Tensão nas fronteiras da Ucrânia está aumentando
O Parlamento Europeu está descontente
com o presidente romeno Traian Basescu, a Moldávia está dececionada com a
União Europeia, e a Transnístria se pronuncia cada vez mais ativamente
em favor da integração com a Rússia.
A razão para
a nova escalada da tensão – felizmente, por enquanto ainda verbal, –
foi a declaração dura como nunca do líder do grupo de socialistas e
democratas no Parlamento Europeu, Hannes Swoboda: “É muito estranho que,
numa altura em que a Moldávia está numa situação difícil, o presidente
da Romênia queira, de uma forma ou de outra, absorver a Moldávia”. Foi
assim que o deputado comentou as recentes declarações do líder romeno de
que a adesão da Moldávia é um “projeto nacional” para Bucareste.
Ora
o próprio eurodeputado tampouco conseguiu resistir a fazer afirmações
duvidosas. Por exemplo, ele mencionou a pressão alegadamente exercida
sobre a Moldávia pela Rússia, e até mesmo uma alegada ameaça proveniente
da capital russa. Foi nesses termos que ele delineou a cooperação entre
Moscou e Transnístria, cuja população na sua grande maioria tem
passaportes russos. Ao mesmo tempo, a posição oficial da Rússia continua
sendo o reconhecimento da soberania e integridade territorial da
Moldávia dentro de suas fronteiras atuais.
O patetismo
da declaração de Hannes Swoboda encaixa bem com a ideia das tentativas
de salvar a todo o custo o programa da União Europeia Parceria Oriental,
após o seu fracasso na Ucrânia. O diretor do Centro de Estudos
Políticos de Kiev Mikhail Pogrebinsky nota o seguinte:
“Tudo
isso é feito sutilmente. Menciona-se um fato que, digamos, está
desatualizado há duas semanas. Mas ele é mencionado como atual. Isto é
um truque bastante sutil. Da mesma forma, os comentários também podem
ser relacionados a um ou outro fato consumado”.
Entretanto,
as próprias autoridades moldavas também decidiram se distanciar tanto
de Bucareste como de Bruxelas. Em Chisinau, ouvem-se cada vez mais vozes
de insatisfação com as políticas da União Europeia para o Leste.
E
a questão principal é saber em que estado a Moldávia pode aderir à UE –
ou nas suas fronteiras atuais ou sem a Transnístria e a Gagaúzia, que
se pronunciaram em favor da integração com a Rússia, ou – segundo o
sonho de Basescu – como parte da Romênia. Neste último caso, não está
claro o que fazer com os distritos “rebeldes”. O cientista político
Boris Shmelev afirma o seguinte:
“Como é sempre o caso
na história de todos os países, em condições semelhantes agravam-se as
relações interétnicas. A questão étnica passa a ser usada para fins
políticos. Isso é alimentado por partidos nacionalistas que tentam
fortalecer as suas posições políticas na onda de nacionalismo. É
absolutamente evidente que na Romênia e na Hungria está atualmente
acontecendo uma ascensão do nacionalismo. Este processo é difícil de
parar, e é até mesmo difícil imaginar a que isso pode levar”.
Segundo
os resultados, divulgados pela agência de notícias nacional Agerpres,
de uma pesquisa sociológica realizada na Romênia em abril de 2013, os
romenos consideram que os principais inimigos de seu país são a Rússia, a
Ucrânia e a Hungria. Em Bucareste falam cada vez mais do “retorno” não
só da Moldávia, mas também da Bucovina, que hoje faz parte da Ucrânia.
No entanto, em Budapeste não menos frequentemente soam vozes a favor da
“reunificação” com a Transilvânia.
E se a União
Europeia por enquanto está de alguma forma aguentando os choques
financeiros, ela pode já não sobreviver uma tal reformatação
etno-política. Uma “Europa Unida” separada em apartamentos étnicos
vivendo numa atmosfera de conflitos – não será esta a imagem que se
adivinha através das imagens das câmaras em Kiev?
A opinião do autor pode não coincidir com a opinião da redação
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