sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O valor da Ucrânia para a Rússia

Se a Ucrânia se partir, a Rússia ganhará sempre alguma coisa

Kiev é fundamental para o sucesso da união euroasiática de Putin. Por isso, Moscovo não deixará de interferir na política ucraniana.
KENZO TRIBOUILLARD/AFP 

 


A pergunta está na boca de quem olha para a escalada de violência sem que se desenhe uma solução clara: é preciso que a Ucrânia se parta, com o Leste simpatizante dos russos para um lado, e o Ocidente, onde a maioria das pessoas fala ucraniano, para outro? A resposta, como tudo na Ucrânia, depende também do fator russo.
Os alicerces de um país que só se tornou independente após a queda da União Soviética estão a ser postos em causa pelos protestos contra o regime de Viktor Ianukovich. A Ucrânia combina territórios que foram do Império Austro-Húngaro, no Ocidente, com zonas onde a maioria das pessoas falam russo, no Sul e no Leste.
As tensões étnicas refletem-se na política: há uma coincidência quase perfeita entre as zonas onde são maioritários os falantes de russo e os resultados das últimas presidenciais, ganhas por Viktor Ianukovich. Refletem-se também na onda de violência: no Sul e no Leste, há relatos de que tituski, milícias privadas que apoiam a polícia, estão a colaborar na repressão dos protestos. Nas províncias do Leste, que faziam parte da República Socialista Soviética antes da II Guerra – antes do resto de o território ter sido anexado pelo Exército Vermelho – Ianukovich, um filho da região, é menos impopular do que no resto do país.
A especulação sobre as tensões foi reforçada com notícias de que Vladislav Surkov, um conselheiro do Kremlin que lidou com as regiões separatistas da Geórgia, Abkházia e Ossétia do Sul foi visto em Kiev e na Crimeia, diz a revista The Economist. E o presidente do parlamento da Crimeia sugeriu que a região poderá separar-se do resto do país. Ali está estacionada a frota russa do mar Negro e dois terços dos habitantes são russos étnicos.
Em Moscow, traçam-se cenários de contingência prevendo a divisão do país, relata o jornal Christian Science Monitor. Andrei IlIarionov, um ex-conselheiro económico do Presidente Vladimir Putin, enumerou as opções possíveis no seu blogue – e a fratura da Ucrânia não é, de todo, algo que assuste os russos.
O cenário preferido de Moscow, e que tentou forçar até agora, é a imposição de um governo autoritário em Kiev, do género do de Vladimir Putin e dependente em termos económicos e políticos da Rússia. Uma guerra civil poderia levar à divisão permanente da Ucrânia, com a parte pró-ocidental a juntar-se à União Europeia, e a mais russificada a permanecer na órbita de Moscow .Esta opção também é aceitável para o Kremlin, sugere Illarionov. Finalmente, se a oposição sair a ganhar do atual confronto, então a Rússia poderia usar a carta de uma Crimeia separatista para gerar instabilidade na Ucrânia.
O que será certo, defende o historiador Timothy Snyder, professor em Yale (Estados Unidos) e autor do livro Terra Sangrenta – A Europa entre Hitler e Stalin (Bertrand) em vários artigos publicados esta semana, é que Moscow não está disposta a tolerar uma democracia em Kiev. É que a Ucrânia é fundamental para realizar a sua pretendida união euroasiática com ex-repúblicas da antiga URSS. Esse bloco económico e político “tem de ser constituído apenas por ditaduras, dado que qualquer sociedade livre que a integre desafiaria a governação russa. Por isso, Moscow tem de ter na Ucrânia um vizinho autoritário e fácil de manipular”.
http://www.publico.pt/

Um comentário:

  1. Pelo sucesso que a política Europeia, seguidista por infiltração do interesse sionista disseminado pelo Ocidente, tem conseguido, para o bem comum e, particularmente, para os países onde intervém directa ou indirectamente, tenho muita pena dos desgraçados dos Ucranianos!.. A política geoestratégica que a Europa, liderada pela Alemanha, França e outros países menores, (Inglaterra parece estar estranhamente hesitante, o que não sei bem se é bom ou mau) mas de grande utilidade enquanto "offshores" e membros da NATO e ONU, garantindo o voto para possíveis intervenções mais ou menos criminosas; é mais ou menos como entrar para uma partida de futebol inclinado onde o dono do campo é o dono da bola e quem dita as regras bem conhecidas e consentidas pelos dirigentes adversários. No caso da Ucrânia, o campo que é deles, em poucos anos, reduzir-se-á a um pequeno campo "de baixo" com uma baliza muito maior do que a baliza do adversário ocupante. A porcaria tende sempre a descer e as fronteiras são muito ténues!...
    Para mal dos nossos pecados, estamos às portas de uma "limpeza" barbaramente Humana, decidida por Judeus invisíveis aos olhos de quem é distraído pelos Mass Media e outros que comungam da mesma ideologia. São séculos de aperfeiçoamento ideológico e, entre os ditos cujos, há quem pense que chegou a hora de eliminar os pobres, os improdutivos, os doentes e todos aqueles que são incómodos para os seus intentos!... O Nazismo, sempre foi e É isto. A Alemanha é que pagou as favas e vai continuar a pagá-las e muito me admira (ou não) que o Povo e os doutos comentadores de todos as áreas académicas, convivam com esta realidade, só explicável pelo conivente convívio com a corrupção!...
    Queira Deus que eu esteja enganado, caso contrário, tenho, assim como muitos outros, a cabeça a prémio!..

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