Viktor Yanukovich declarou, da sua parte, que esta
decisão dos deputados é ilegítima. Pouco antes disso ele desmentiu os
boatos sobre a sua demissão voluntária e declarou que não pretendia
assinar nenhum documento, aprovado na reunião do parlamento ucraniano no
sábado.
As paixões políticas na Ucrânia aquecem-se cada vez mais. Sábado, de manhã, o país foi alvoroçado com a boato sobre a fuga de Viktor Yanukovich. A residência presidencial Mezhigorie está vazia
e por pouco não virou um museu – agora os hóspedes curiosos podem
visitá-la. O chefe da Ucrânia devia vir a Carcóvia a fim de participar
do congresso, mas se soube que o “avião número um” não tinha pousado no
aeródromo desta cidade. O desaparecimento temporário do chefe de Estado
deu evidentemente uma “carta branca” aos parlamentares ucranianos. Eles
precisaram apenas de algumas horas para aprovar um pacote de projetos de
lei reformistas e passaram a aguardar o principal – a aprovação da
demissão do presidente que ele teria já feito verbalmente e agora
estaria a formular por escrito. Mas Yanukovich acabou por aparecer,
afinal de contas, em Carcóvia e desmentiu todos os boatos sobre a sua
demissão voluntária. Esta declaração foi uma tentativa fraca de
esclarecer as suas chances de se manter na presidência do país. Foi esta
a opinião que o insigne politólogo russo Fiodor Lukianov, presidente do
Conselho Russo de Política Externa e de Defesa, manifestou na
entrevista à Voz da Rússia.
“Yanukovich deixou
Kiev e deixou todo o processo e a iniciativa aos seus oponentes. Desta
maneira ele renunciou de fato a ações ulteriores. Ao mesmo tempo, não
está bem claro até agora, quê tendências existem nas partes leste e sul
da Ucrânia. Creio que ele se recusa a demitir-se formalmente somente
porque quer compreender se tem ou não algum apoio lá.”
Os
parlamentares compreenderam que Yanukovich não vai demitir-se
voluntariamente e tomaram a decisão em vez dele. Além disso, eles
votaram a favor do restabelecimento em vigor da Constituição de 2004. Os
partidários de Yanukovich estão certos de que esta decisão, da mesma
maneira que todas as demais decisões, aprovadas pela Suprema Rada nos
últimos dias, contraria a Constituição. Uma declaração nestes termos foi
feita à Voz da Rússia pelo deputado popular da Ucrânia Oleg Tsarev,
membro do conselho político do Partido das Regiões.
“O
presidente não assinou emendas da Constituição. Por isso, até hoje está
em vigor a Constituição antiga. Daí vem que o Supremo Conselho não tem o
direito de nomear ministros. E se estes ministros nomeiam-se a si
próprios, os seus subalternos não têm direito de cumprir as suas
diretrizes. Yanukovich é presidente eleito legalmente e a sua
legitimidade foi reconhecida por todos os países estrangeiros. E a
Constituição em vigor não prevê outro modo da sua saída do seu posto
atual salvo a sua própria declaração a este respeito. Na Ucrânia o
processo de impeachment não foi adotado legalmente. Se o Supremo
Conselho tomou mesmo esta decisão, é preciso a assinatura de Yanukovich
para que ela entre em vigor.”
Na reunião de Suprema Rada
de sábado foi eleito o novo presidente deste órgão. O primeiro adjunto
do partido Pátria Alexander Turchinov foi eleito pela maioria dos votos
novo presidente do parlamento, substituindo neste posto Vladimir Rybak
que tinha solicitado a demissão por causa da doença. Uma das primeiras
disposições do novo corpo da Suprema Rada foi a aprovação de emendas ao
Código Penal da república que descriminam, isto é, tornam nulos, alguns
artigos do código anterior. Isto permitiu pôr em liberdade poucas horas
depois Yulia Tymoshenko. Falando a propósito, o novo presidente da
Suprema Rada é o seu correligionário e amigo. A libertação de Tymoshenko
é sintoma evidente de que no país está se formando um novo poder,
assevera o politólogo russo Pavel Svyatenkov.
“É
possível que Tymoshenko venha a chefiar agora a Ucrânia, pois ela é a
mais forte líder oposicionista e sofreu mais de todos por causa do
regime de Yanukovich. Enquanto Klitschko e Yatsenyuk estavam na Suprema
Rada, ela estava na prisão. Por um lado ela é uma populista patente, por
outro, uma intrigante política requintada. Por isso, é perfeitamente
possível que ela possa ir ao Maidan e obter lá o mandato para a formação
do novo governo. Estou certo, de que ela vai fazer agora precisamente
isso.”
Ninguém mais duvida de que na Ucrânia se deu uma
cisão política e social. As conseqüências desta cisão podem acarretar
uma tragédia de verdade dentro de um prazo mais curto possível se não
for formado o gabinete de união nacional, que convenha a todos, -
opina o professor do Instituto Estatal de Relações Internacional de
Moscou Valeri Solovei.
“Deve ser um gabinete constituído
por profissionais e que seja capaz de estabilizar a Ucrânia. O país
enfrenta agora uma crise não somente política mas também uma crise
socioeconômica muito grave.”
Aliás, na opinião de
Valeri Solovei, ao par das eleições presidenciais na Ucrânia devem ser
realizadas eleições parlamentares. Isto permitirá obter o novo poder
legislativo e um novo supremo poder executivo, estabilizando desta
maneira a situação no país.
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